Vanilla Skyourself
Olha a lambança! Vanilla Sky com Freud com genética avançada e com mundo virtual. Vou brincar como dois filhotes recém nascidos brincam. Olha a lama voando!
Estamos quase podendo dar a luz:
A nós mesmos.
Ativamos três genes (apenas suponha verdade, negue intimamente) e voilà! Um novo olho. Recém nascido. Seu!
Um novo [tudo que você quiser. Inclusive tudo].
O que é poder dar a luz a nós mesmos?
Algumas coisas. Primeiro, o filme Vanilla Sky sai do ramo da ficção. Só não precisamos congelar ninguém. Isto ainda será ficção.
Outra: vamos competir com nossos próprios filhos? Vamos não tê-los? Competir com nossos próprios óvulos e espermatozóides?
Esta é uma longa estória. Cujos números irão se assentar geração após geração.
Acaba o monopólio, atual, do gene.
Entra a consciência como concorrente direta do gene: euzinho, eu mesmo, eu e minha consciência, posso renascer em meu próprio corpo.
Não preciso doar metade de material genético nem perder a consciência para um novo corpinho. Aliás, não preciso ensinar tudo de novo a cada 20 anos, para um novo corpo, um novo ser, para durar 40 anos de vida ativa, antes de se aposentar. Este era o monopólio do gene.
Mas a complexidade de Vanilla Sky não está na vida após a morte. Ou na vida eterna. Que nada!
A complexidade reside na estética. Na beleza. Não é por acaso que Tom Cruise não só produziu, como atua, no papel que representa a estética do cara desejado. E Cameron Diaz e Pénélope Cruz como mulheres desejadas. "Só isso".

Estética. Es-té-ti-ca. Que é isso? Queremos preservar isso? O que preservar?
Em Vanilla Sky não basta ser Tom Cruise. É riquíssimo. É bem humorado. Tem afiado humor. É sedutor.
Tenho a forte impressão de que estética engloba tudo isso. Tudinho, sem deixar migalha. E mais.
Nem mencionei o mundo virtual. Ainda. Metaverso. Começo com um nocaute: quem é feio no mundo virtual?
E Freud? Se o cara se sente bonito. Se é considerado bonito. O que importa é que a beleza é desejada e admirada. Se o aparelho psíquico do cara está todo cheio de tesão e prazeres. Trocando prazeres com outros. Quem se importa com a pele? P-e-l-e. Aquela coisa antiga. "Anos 80".
Quem se importa com o design biológico? Genético? Aquela coisa mais antiga de curvas "de nascença". Sem filtros (que horror?).
Em um metaverso, em um mundo virtual. Quem se importa com a biologia? O aparelho psíquico - nossa imaginação - nossa sensação - pode bombar feliz no mundo virtual. De maneira independente da curva real da pele tal.
Já não acontece?
Não é abrupta a transição.
A lama está voando. Brinco deliciosamente.
Um dia aprendo a lidar de maneira mais madura com os ingredientes que tanto prazer dão, ao brincar com eles, agora no início.
A conclusão preliminar não é “eternizar-se belíssimo no mundo virtual do seu próprio aparelho psíquico". Não há conclusão, ainda. Apenas brincar!