Como agradar Noam Chomsky & Yuval Noah Harari?
[O artigo original é de 13 de dezembro de 2020, migrado nesta data para este novo blog]
Vou focar em apenas dois pontos: a diminuição ou eliminação de ultra-mega-corporações e, finalmente, a diminuição do estado ou, pelo menos, que nós vigiemos muito mais o estado do que ele possa nos vigiar.
Chomski alerta que diminuir o estado mantendo ultra-mega-corporações mantém os indivíduos — incluindo os pequenos empreendedores — , reféns destes gigantes. Por isto, se não diminuirmos ou eliminarmos ultra-mega-corporações, é melhor manter um estado ainda mais forte que elas. Mas por que não logo diminuir ambos? Diminuir ambos, podemos.
Como se livrar das corporações monstruosas?
Muitas têm seus dias contados, bastando querermos. Se quisermos.
1. Bancos. Bitcoin ou Ethereum.
2. Cartórios, autenticação. Ethereum.
3. Facebook, Google, Amazon. Redes descentralizadas, exemplo, Zeronet.
Faríamos como nos ensina Marie Kondo: “agradecemos genuinamente pelos brilhantes ensinamentos, ultra-mega-corporações” — e as dispensaríamos de nossas vidas.
Por quê? Existe “claustrofobia” de mega-corporações? Elas são malvadas?
Não são malvadas. Mas podendo um serviço ser hospedado por toda a humanidade, sem um dono ou alguns donos específicos, não é bonita a opção humanidade toda como dono?
Posso estar enganado.
Há alguns efeitos não somente psicológicos.
No caso do dinheiro, somem taxas e fronteiras.
No caso de documentos, somem taxas, fronteiras, burocracia e demora.
No caso de redes sociais, navegação, hospedagem de sites, nuvens, aplicativos de mensagens, os dados de todos passam a estar fragmentados, ao invés de concentrados. Poucos deixam de saber tudo sobre nossas maneiras de navegar. A inteligência sobre tudo que fazemos fica mais difícil de se transformar em conhecimento na mão de poucos, ou de poucos governos. Ninguém — ou todos — poderiam saber, mas jamais poucos.
Bônus para quem leu até aqui.
4. Governos, congresso. Melhorias na autenticação a ponto de finalmente permitir votação online suficientemente confiável em eleições permite que a população vote diretamente em projetos de lei. Sem congresso nem congressistas. Aliás, já não era hora? Precisávamos de representantes no tempo da carruagem a caneta tinteiro, não? Debates online, blogs, fóruns, permitiriam criar, colocar em discussão, colocar em votação projetos de lei. A humanidade já não precisa, mais ser representada indiretamente.
Medo? Somos humanos, comida, sexo, cuidar de nenéns, nunca pára, não nos preocupemos com ferramentas externas a este núcleo biológico.
* No caso do dinheiro em tese some a inflação proposital, sumindo a emissão de dinheiro por um ou mais países.
Agora, o estado.
Há motivo para um governo ter qualquer documento secreto?
Não me refiro a quebras de sigilo judiciais, usualmente utilizadas para criminosos, por pouco tempo. Aliás, estas mesmas, caindo em desuso, pois podemos perseguir o gasto — sem renda legítima compatível — ao invés do crime, feio, sujo. O gasto é mais glamouroso e espera o rato sair da toca, sem precisar sujar as mãos. Pega tudo de uma vez só, de todos os crimes, descompensando o crime e o rato. Mas não: não me refiro a este antigo sigilo judicial.
Me refiro a governo. Precisa um governo de qualquer documento secreto?
Gostaria de concluir que não, não precisa.
E que caberia a nós, população formando maioria, moldar nosso governo sem segredo nenhum.
Aí vem o chantilly.
Além de haver uma “Wikipedia” com tudo que o governo faz, o tempo todo, instantaneamente atualizada em tempo real de maneira automática pelo próprio sistema de criação de documentos oficiais;
Criaríamos uma API, ou seja, máquinas poderiam ter acesso a todas estas informações.
Aí, programadores, cientistas, imprensa, adolescentes curiosos, todos poderiam criar análises de todo e qualquer documento e movimentação governamental, do abastecimento de um carro, a grandes investimentos, e seu conjunto.
Claro, com inteligência artificial trabalhando para nós, finalmente, não somente passando relatório sobre nós.
Poderíamos, ainda, inovar ao criar regra para automaticamente vigiar as contas bancárias e bensde todos eleitos para cargos políticos. Estes políticos teriam, sempre, a opção de não concorrer, caso se sentissem “ofendidos” com a vigilância mais invasiva do povo, durante o período do mandato. Cuidar do dinheiro de todos passaria a ter mais contrapartidas do que nos anos 80, podemos inovar.
Tudo que aqui foi sugerido é fácil ou próximo de fácil, tecnicamente.
Politicamente fico tranquilo pois basta querermos, ainda que lentamente formando maiorias.
Ficando mais tranquilo tentando satisfazer dois gênios, devagarinho.
Obrigado por transmitir ideias similares a esta, e/ou corrigir e apontar minhas falhas.